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Viajar pelo Brasil ou Viajar pelo Mundo?

Atualizado: 14 de mai. de 2021

O Brazil não conhece o Brasil / O Brasil nunca foi ao Brazil


A saudosa cantora Elis Regina imortalizou a música “Querelas do Brasil”, de Aldir Blanc e Maurício Tapajós que começa com estas duas emblemáticas estrofes. Um país tão grande e tão diverso como o nosso tem infinitos atrativos, e fica difícil afirmarmos que conhecemos o Brasil. Evidentemente, os autores da música não estavam se referindo apenas aos atrativos turísticos, às características naturais e culturais, mas são esses os aspectos que mais interessam ao setor do turismo.


Viajar pelo Brasil pode não ser tão fácil quanto um giro pela Europa, onde a estrutura turística facilita bastante o deslocamento, acomodação e o entretenimento. Mas vamos lembrar que cabem quase duas Europas no imenso território brasileiro e que nesse território temos uma diversidade inigualável de paisagens, sejam elas naturais ou culturais.


Nos 5 biomas brasileiros – Pampa. Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e Amazônia – encontramos a oportunidade de conhecer suas distintas características. A amplidão do Cerrado, especialmente nos campos naturais abertos, riscados pelas veredas de buritis, desenhando linhas sinuosas na paisagem que revela um céu imenso, parecem obra de um pintor meticuloso, preocupado em destacar cada elemento. Contrasta fortemente com o ambiente de mata tropical, onde se percorre áreas cobertas pelo dossel de imensas árvores, cujas copas obstruem a visão do céu. Na região sudeste do Brasil, a Mata Atlântica vai subindo as serras, desde o litoral, úmido e marcado pela maresia e pela mata densa, até as encostas de algumas das maiores montanhas do país, a quase 3 mil metros de altitude, onde as grandes árvores dão lugar à vegetação alto-montana, de pequenas árvores, magras e adaptadas ao frio, até os campos de altitude, desprovidos de árvores e marcados por uma vegetação arbustiva que se mistura com a paisagem pedregosa dos planaltos e dos altos picos.


A Amazônia é um mundo à parte, marcado pelos rios imensos, verdadeiras hidrovias naturais por onde as viagens de barco atravessam a floresta densa e marcada por árvores igualmente imensas, como a sumaúma, que marca a paisagem com sua copa que atinge 45 metros de altura, coroando a mata fechada. Viajar de barco pela Amazônia se traduz em dar tempo ao tempo, uma vez que as viagens são longas e as distâncias enormes. A cada parada, as pequenas cidades e vilas da Amazônia se revelam ao longo das barrancas dos grandes rios e a conversa nos barcos demonstra a familiaridade que os ribeirinhos tem com a floresta que parece um caos para o morador da cidade grande, mas é um universo ordenado de forma coerente, de acordo com o morador local. Em contraste com os grandes rios, um banho refrescante num riacho de águas pretas na Amazônia é uma experiência inigualável. Ao final do dia, comer um tacacá à beira do rio apreciando o pôr-do-sol sobre a floresta fica perfeito, especialmente se a sobremesa for um creme de cupuaçu geladinho ou uma tigela de açaí.


Os capões de araucárias – o Pinheiro do Paraná –, verdadeiras ilhas de mata entre os campos naturais do sul do país, os bandos de ariranhas que se revelam nos remansos ou os grupos de jacarés que ficam ao sol nos baixios dos rios no Pantanal, a secura da caatinga, no interior do Ceará, em contraste com a abundância de águas e cachoeiras da Chapada dos Veadeiros ou da Chapada Diamantina, praias e mais praias em quase 8.500 km de litoral, desde as imensas praias do litoral nordestino até as pequenas enseadas quase secretas do litoral sul do Rio de Janeiro. O Brasil apresenta uma diversidade de paisagens que vem surpreendendo brasileiros e estrangeiros desde que Cabral aportou por aqui.


Além dessa diversidade natural, a grande diversidade cultural se traduz na linguagem, na culinária e nas vestimentas. Se nos afastamos dos grandes centros urbanos, essas características ficam mais evidentes e podem ser melhor apreciadas. Apesar do feijão com arroz ser uma unanimidade nacional, a culinária e a gastronomia se diversificam por todo o Brasil com ingredientes e receitas típicas de cada região. Os ingredientes locais podem ser apreciados nos mercados ou em num simples boteco, até os restaurantes estrelados que fazem uma sofisticada interpretação da culinária regional.


O viajante pode apreciar manifestações culturais por todo o país, como uma marujada, uma dança do coco, um fandango um forró, ou o fervor marcante das festas religiosas como a Festa do Divino, uma procissão de Corpus Christi sobre um tapete de flores, a festa de Yemanjá. Museus temáticos, históricos e museus de arte, bem como centros culturais diversos também se destacam por todo o país. Inhotim, o Museu do Homem do Nordeste, o Museu do Mar, Museu do Futuro, o Museu do Homem Americano, a casa de Cultura Mário Quintana, o MASP, o Teatro Amazonas, o Conjunto da Pampulha, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, até mesmo os museus familiares dos Campos de Cima da Serra da e tantos outros trazem a oportunidade de conhecermos a arte e a cultura de tantos lugares no Brasil.


Viajar pelo Brasil é um privilégio que muitos brasileiros não conhecem e não deveriam deixar de conhecer. É divertido, desafiante, descontraído, multicultural, variado. Propicia um melhor conhecimento das múltiplas realidades e belezas regionais. E tem a vantagem única de que, seja qual for o seu destino, as pessoas falam a sua língua. Mesmo que não seja do mesmo jeito que você fala!


Em tempo: ouça a música Querelas do Brasil. Assim você já começa a viajar pela riqueza da nossa língua portuguesa:






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